Embora 1 em cada 2 homens enfrente uma doença mental ao longo da vida (segundo dados da OMS e da Direção-Geral da Saúde), poucos recebem um diagnóstico ou tratamento. Este facto não está relacionado com a falta de recursos, mas sim com o estigma associado à procura de ajuda, que muitos homens consideram um sinal de “fraqueza”. Esta perceção está em conflito com as normas sociais, que exigem que os homens sejam fortes, estoicos e independentes.
Este estigma explica porque cerca de 40 % dos homens não falam sobre a sua saúde mental, afirmando que aprenderam a “lidar sozinhos” com os problemas ou que “não querem ser um peso para os outros” (dados da Ordem dos Psicólogos Portugueses). Ainda mais preocupante, muitos dizem que apenas procurariam ajuda se tivessem pensamentos suicidas.
Este cenário torna-se ainda mais grave quando sabemos que 75 % dos suicídios em Portugal são cometidos por homens (dados do Instituto Nacional de Estatística, 2023). Isto revela não só que muitos não agem a tempo, mas também que pensamentos suicidas frequentemente não são suficientes para ultrapassar o estigma associado à saúde mental.
O estigma ao longo da história e das culturas
O estigma em torno da saúde mental masculina tem raízes históricas profundas. Durante as guerras mundiais, muitos soldados sofriam de “neurose de guerra” (hoje conhecida como perturbação de stress pós-traumático) mas não procuravam ajuda devido ao medo de serem vistos como fracos.
Além disso, este estigma está presente em vários contextos culturais, incluindo em Portugal, onde ainda se espera que os homens reprimam as suas emoções para demonstrar força. Este conceito é reforçado por representações mediáticas, como o arquétipo do “homem forte e silencioso” popularizado nos filmes clássicos.
Estratégias para apoiar a saúde mental masculina no local de trabalho
As empresas podem desempenhar um papel fundamental no combate ao estigma e no apoio aos homens que precisam de ajuda. Algumas estratégias eficazes incluem:
1. Reduzir o estigma: Promover formação para equipas e líderes, ensinando a identificar sinais de problemas de saúde mental, como irritabilidade, raiva ou exaustão.
2. Fomentar conversas abertas: Criar uma cultura organizacional onde gestores e líderes partilhem as suas próprias experiências, incentivando discussões sinceras sobre saúde mental.
3. Oferecer serviços diversificados: Disponibilizar opções anónimas, como apoio online ou por telefone, que respeitem as preferências masculinas e utilizem uma linguagem menos técnica para promover esses serviços.
Ao implementar estas práticas, as empresas podem ajudar os homens a superar as expectativas sociais injustas e a encontrar um espaço seguro onde possam ser autênticos e vulneráveis.
Fontes de dados
• 1 em cada 2 homens enfrentará uma doença mental ao longo da vida: Baseado em estudos globais da OMS e relatórios nacionais da Direção-Geral da Saúde (DGS).
• 40 % dos homens não falam sobre a sua saúde mental: Estimativas de estudos conduzidos pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e inquéritos internacionais.
• 75 % dos suicídios em Portugal são de homens: Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da DGS, com base em relató